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Carta histórica de Monteiro Lobato (1941)

Carta histórica de Monteiro Lobato (1941)

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No dia do seu aniversário, o escritor patriota Monteiro Lobato conta seu dia-a-dia na cadeia, provocando os acusadores.

Carta histórica de Monteiro Lobato para Leonor de Aguiar. Em português. Uma página. Em português. 21.4 cm x 28.5 cm. São Paulo, dia 18 de abril de 1941. Papel de baixa qualidade (obtido na cadeia por Lobato), restaurado em São Paulo por Manuel Ley Rodriguez, especialista da Pinacoteca. Peça única.

Cadeia, 18/4/941

Leonor,

Vieram os cravos festejar-nos a mesa neste meu
dia de anos passados na prisão - na deliciosa prisão que
arduamente conquistei á custa de verdades na late dos safar-
danas. Completo hoje um mês, e continuo preso porque apesar
de absolvido houve apelação e tenho de esperar novo julgamento.
Mudei para cá meu escritorio - mas tenho visitas demais
e o trabalho não rende. Quando me dão folga, traduzo o KIM,
de Kipling, e mergulho de corpo e alma na India. Não dou ao
general o gosto de sentir-me preso. Em companhia do velho lama
e de Kim, a marchar pela Grande Estrada Tronca a India, rumo
a Benares, regalo-me. Até arranjei uma chela (discipulo) na
pessoa do Eloy - uma cabra alagoano de desenvolvimento mental in-
terrompido. Parou nos dez anos - a idade de Kim. Hoje ás 5 de manhã,
escuro ainda, já o meu chela veio felicitar-me e trazer-me um bu-
quezinho de flores. Ele tem uma enorme admiração por mim, e não
me largua - como os bons chelas indianos não largam os Mestres.
« Quando o senhor sai daqui, tudo escurece ; quando o senhor entra, tudo
ilumina. » Promoveu-me a lampeão...

Hoje é dia de faxina na nossa sala livre. Tiraram para o jardim
as seis camas e tudo mais, menos a mesa em que escrevo e estou batendo
esta. Lavam a sala em redor de mim, e eu goso a sensaçaõ de ilha.
Tudo novidades na cadeia. Como é burro o general ! Quis prejudicar-me e
só conseguiu proporcionar-me uma interessantissima experiencia.
Quando for á UJB, peça ao Geraldo uma carta ao Goes - leia e
dê-me parabens pelo topete.

Adeus, querida amiga dos cravos. Rejubile-se
com o que acontece para o amigo.

Lobato

Em 24 de maio de 1940, o escritor Monteiro Lobato, em plena ditadura do Estado Novo, escreveu uma carta ao presidente Getúlio Vargas, logo seguida de outra ao chefe do Estado-Maior do Exército, verberando a “displicência do sr. Presidente da República, em face da questão do petróleo no Brasil, permitindo que o Conselho Nacional do Petróleo retarde a criação da grande indústria petroleira em nosso país, para servir, única e exclusivamente, os interesses do truste Standard-Royal Dutch”.

Julgado injurioso aos poderes públicos e aos agentes que atuam no setor petrolífeiro, Lobato foi acusado de delito contra a Segurança Nacional. Em 18 de março de 1941, foi preso preventivamente por ter tentado evadir-se do país. Liberado em 20 de junho de 1941, depois de uma intensa e midiática defesa dos seus advogados, Lobato ficou preso três meses no mesmo presídio que Luís Carlos Prestes e Dilma Rousseff.

O valor de uma carta depende de muitos fatores, esta cumula vários elementos a seu favor. Escrita por um dos escritores brasileiros mais conhecidos no Brasil e fora do país até os dias de hoje, no dia do seu aniversário, durante o episódio histórico do seu braço de ferro com a ditadura militar, essa carta reúne tudo o que fez a fama de Lobato : muito humor, bastante provocação, um grande estilo literário e uma imensa cultura. Certamente uma das peças brasileiras mais importantes dessa coleção.

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