Um mês antes da tragédia, em sua última corrida no Brasil, Ayrton Senna assina um autógrafo para um pedreiro em Interlagos.

• Autógrafo do Ayrton Senna para Amauri, um fã trabalhando nas obras de Interlagos.
• Março 1994, Interlagos, Brasil.
• 21 cm x 14.7 cm.
• Papel um pouco amassado.
• Peça única.

O Amauri fez um primeiro contato comigo há dois anos. Conversamos por horas a fio sobre a vida dele, a vida do Senna, sobre este encontro e este autógrafo. Pessoa humilde, ele precisava vender seu autógrafo, mas não queria se desfazer dele. O problema não era o preço, mas sim o apego que tinha por ele. Finalmente, ele decidiu confiar-me seu tesouro para que pudesse comprar uma camioneta, e ambos ficamos felizes com o acordo. Seguem trechos que contam a história desse autógrafo excepcional

(...) Eu estava trabalhando lá no autódromo de Interlagos em 1994. A empresa que eu trabalhava pegou a reforma do autódromo de Interlagos para a corrida do Brasil.

(...) Eu estava trabalhando e ele chegou lá. Eu fui pedir um autógrafo. Eu mesmo cheguei e pedi a autorização para o segurança, óbvio, e peguei esse papel da firma. “Dá para você dar um autógrafo para mim ?” Sou muito seu fã. E ele me deu, assinou.

(...) Gosto desse autógrafo porque foi no prêmio do Brasil, o último né. Faleceu o dia 1o de maio né, dia do trabalhador. O prêmio do Brasil foi em março, abril, por aí. Daí como eu estava trabalhando lá, eu não tinha caneta, não tinha nada, eu peguei do apontador lá, fui lá no almoxarifado e peguei esse papel da firma e uma caneta do contador emprestado para mim lá pedir um autógrafo para ele.

(...) Ele teve uma atitude ótima. Ele ia todo dia lá no autódromo, todo dia ele ia ver como estavam andando as obras, o bicho era caprichoso. andava dentro do carro, olhava as curvas, se tinha proteção. Não sei cara como ele foi morrer naquele acidente, ele estava tão cuidadoso. Ele ia todo dia lá de helicóptero. Ele comprimentava todo o mundo, humilde. Era milionário mas era humilde. Ele não olhou se estava bem vestido, se era pedreiro, se eu era um servente, não, ele simplesmente assinou no papel. Eu falei obrigado de boa.

(...) Fizemos toda a reforma lá, nos boxes, nos muros de contenção, aquelas caixas de brita, trabalhamos duro para entregar antes da corrida. Vimos até os pilotos fazer os testes. Pena que nesse tempo não tinha celular.

(...) Depois que ele parou de correr, não deu mais nada no Brasil né. O Rubinho Barrichello poderia ter sido campeão do mundo mas ele abriu mão de ser campeão por dinheiro né. O cara estava lá na frente poucos metros antes da linha de chegada e deixava o Schumacher passar né. Se fosse o Ayrton Senna, duvido que o Ayrton Senna iria se sujeitar àquilo. Eu acompanhava desde 1984 que correu naquela primeira equipe bem fraquinha. O bicho era nem pato para chuva. Quando chovia, não tinha ninguém não meu, ele torcia para chover.

(...) Ele assinou na mão dele mesmo, o cara era humilde demais.

O Grande Prêmio do Brasil ocorreu em 27 de março de 1994. A pole position foi de Senna, mas Schumacher ganhou a corrida, um cenário que se repetiu nas duas corridas seguintes: o Grande Prêmio do Pacífico em 17 de abril e o trágico Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, no dia 1º de maio. O resto é História.

Esse autógrafo foi um dos últimos do piloto, assinado umas horas antes da sua última corrida em solo brasileiro e um pouco mais de um mês antes da maldita curva de Tamburello. A assinatura é um pouco atípica, já que ele assinou usando a palma da mão como suporte, o que ele não gostava de fazer, simplesmente para agradar a Amauri. Dezenas de autógrafos do Senna, do mundo inteiro, verdadeiros e falsos, me são oferecidos todos os anos. Logicamente, as assinaturas ou dedicatórias do ídolo de 1994 são as mais raras e procuradas, esta é a primeira que decidi adquirir para vocês depois de meses de investigação.