Em visita ao Brasil em 1935, logo depois de atravessar o Atlântico Sul, Jean Batten agradece o elogio de um admirador.
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Carta assinada por Jean Batten para um admirador.
- Rio de Janeiro, 21 de novembro 1935.
- Em inglês.
- Uma página.
- 24.7 cm x 18.7 cm.
- Bom estado de conservação.
- Peça única.
Quando a gente fala dos “pioneiros da aviação”, esquecemos das pioneiras. Na verdade, houve mulheres envolvidas e decisivas em todas as invenções, direta ou indiretamente. A genialidade e a coragem não têm sexo, e pretendo nos próximos meses e anos apresentar para vocês, ainda mais mulheres gloriosas, que foram subestimadas e merecem a nossa atenção.
Hoje quero falar para vocês de uma delas, que me fascinou bastante: Jean Batten. Na sua época, era famosíssima e atraia multidões. O motivo de sua fama? Uma mistura de audácia, beleza (era chamada de “Garbo dos Céus") e sobretudo seus vários recordes de distância e tempo de voo, em uma época onde os aviões ainda eram pouco confiáveis e haviam pouquíssimas pilotas, por machismo.
Depois de seu primeiro voo, da Grã-Bretanha para a Austrália, ela estabeleceu um recorde mundial em 13 de novembro de 1935, ao voar da Grã-Bretanha para o Brasil, em treze horas e quinze minutos. Foi nessa oportunidade, que ela escreveu e assinou essa pequena carta no Rio de Janeiro. Jean foi condecorada com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, tornando-se a primeira pessoa - que não fosse um membro da Família Real - a ser homenageada, devido a esse recorde. Na sequência, realizou outra façanha incrível ao voar da Inglaterra à Nova Zelândia, sua terra.
Em 1938, Jean foi a primeira mulher a receber a Medalha da Federação Aeronáutica Internacional, a mais alta honraria da aviação. Porém, a Segunda Guerra Mundial pôs fim às suas aventuras aéreas. Embora aos poucos esquecida, o terminal internacional do aeroporto de Auckland tem o seu nome. E ela fica para a eternidade, no clube restrito dos pioneiros (pioneiras!) da aviação.
Essa carta simples me chamou a atenção por vários motivos. Primeiro, trata-se do começo da aviação, uma temática fascinante que aprendi a explorar com Santos Dumont. Segundo, trata-se de uma mulher excepcional, que admiro. E terceiro, essa carta foi escrita no Brasil, uma semana depois de uma das suas maiores realizações, a travessia do Atlântico Sul. Faço essa viagem várias vezes por ano, confortavelmente sentado no meu assento do enorme Airbus, e seguro que da próxima vez, vou pensar na Jean que fez esse percurso sozinha, no seu pequeno avião.