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Carta assinada por Bidu Sayão (1932)

Carta assinada por Bidu Sayão (1932)

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"Peço a direção da Scala me confirmar o programa e o dia de ensaios para chegar a tempo em Milão."

Carta assinada por Bidu Sayão para Jenner Mataloni - Superintendente do Teatro La Scala de 1932 a 1943 - que deixou um comentário manuscrito na parte inferior. Uma página. Em italiano. 21.6 cm x 28.9 cm. 17 de outubro de 1932, em Roma. Estado perfeito. Peça única. 

Tradução em português, parte datilografada

Roma, 17 de outubro de 1932

Direção honrosa de Teatro La Scala Milão
Participar no concerto “Pro Opere Assistenziali” (Concerto para obras de ajuda fascista) no Teatro La Scala a convite do Secretário Federal Cônsul Brusa a quem aceitei, e tendo acordado o programa, nomeadamente: “l 'aria della pazzia della Lucia ”(cena de loucura em“ Lucia di Lammermoor ”), o duo barbeiro com Galeffi e o quarteto Rigoletto com os demais intérpretes, peço a esta direção para confirmar o programa e o dia de ensaios para chegar a tempo a Milão. Em conformidade com o contrato. 
Bidu Sayao Mocchi
Regina Hotel
Roma


Tradução em português, parte manuscrita

Segunda-feira, dia 17 No que se refere à última comunicação do Secretário Federal, confirmo que a plena responsabilidade pela organização do concerto foi confiada à administração do La Scala, que elaborou um programa previamente aprovado e cuja execução está confiada exclusivamente para artistas, coro e orquestra da atual temporada do Scala. Obrigado

Jenner Malatoni (Superintendente do Teatro La Scala de 1932 a 1943)

Que o Brasil presenteou o mundo com formidáveis atletas e renomados pintores, não é nenhuma novidade. No entanto, não só nas artes plásticas ou no esporte os nativos dessa terra tupiniquim ganharam reconhecimento internacional, a música brasileira também conquistou os Estados Unidos e a Europa com suas vozes e ritmo. Uma das cantoras que construiu esse legado é Bidu Sayão (1902 - 1999), célebre intérprete lírica que brilhou nos mais famosos teatros do mundo durante o século 20.

Nascida em Itaguaí, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, no ano de 1902, Balduína de Oliveira Sayão, nossa adorada Bidu, começou a estudar canto ainda jovem, com uma professora romena que então residia no Brasil. Vendo o talento da jovem fluminense, a professora a levou à Romênia, onde Bidu continuou seus estudos. A mudança de continente abriu caminhos para a cantora, que já nos últimos anos da década de 20 começou a se apresentar em teatros na França e Itália.

No ano de 1932, Bidu conquistou a grande honra de ser convidada para cantar no Teatro alla Scala, em Milão, como podemos ver na carta que ela escreveu ao diretor desse espaço lendário. Inaugurado em 1778, o Teatro alla Scala é uma das mais famosas casas de ópera do mundo. Seguramente, o fato de ser convidada para apresentar-se aí, deve ter sido uma imensa alegria para a cantora, mas como terá se sentido a menina do interior do Rio de Janeiro ao receber tal convite? Emocionada? Extasiada?

Qualquer que tenha sido seu sentimento, as palavras em sua carta foram contidas e profissionais, Bidu tratou a honraria com naturalidade, questionando simplesmente sobre o programa e as datas de ensaio. Ela não queria chegar tarde a Milão.

Outro aspecto interessante da carta é que a apresentação da qual participaria Bidu se tratava de um concerto beneficente fascista. Ainda que essa seja uma ideia quase absurda para nós, habitantes do século 21, é importante lembrar que, no início da década de 30, tanto o fascismo como o nazismo ainda não eram entendidos como regimes totalitários e belicosos, senão como movimentos nacionalistas que defendiam o povo, tendo sido justamente essa a máscara que possibilitou seu crescimento. O que será que Bidu pensava a respeito do tema? Nem todas essas perguntas tem respostas tão claras, mas conhecer o mundo escrito pelas palavras de Bidu Sayão, como em suas cartas, certamente nos aproxima dessa consagrada cantora.

Ainda que tenha feito sua fama principalmente nos Estados Unidos e Europa, Bidu ainda teve um momento célebre no Brasil antes de sua partida, aos 96 anos de idade. No ano de 1995, ela foi homenageada no desfile da escola de samba Beija-flor, no carnaval do Rio de Janeiro. Bidu adentrou a passarela do samba sentada em um trono no último carro alegórico do desfile, estabelecendo-se, assim, como a rainha da ópera e uma das maiores intérpretes brasileiras. O grande legado de Bidu é essencial, principalmente no contexto atual do país, para estimular meninas e mulheres a perseguir seus sonhos e superar desafios.

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