“ (...) sobre a minha carta à Liga das Nações pedindo a abolição da aviação como instrumento de destruição.”
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Carta manuscrita de Alberto Santos Dumont para o Diretor do Jornal Estado de São Paulo, Júlio de Mesquita.
- Uma página.
- Em português.
- 21.5 cm x 26.5 cm.
- Clínica de Val-Mont, Suiça, o 7 de novembro de 1926.
- Excelente estado de conservação.
- Peça única.
No final dos anos 1920, várias correspondências mostram Santos Dumont referindo-se ao estado debilitado em que se encontrava. Ele passava longos períodos em uma famosa clínica de repouso, Valmont, em Glion-sur-Montreux, na Suíça, de onde escreveu essa carta. Esclerose múltipla? Depressão? Os biógrafos discordam, mas o fato é que seu estado piorava e ele não pôde comparecer às homenagens que lhe foram programadas. Em 1927, quando Charles Lindbergh atravessou o Atlântico Norte em voo solitário, Santos Dumont foi convidado para a recepção, mas não compareceu, pois estava internado em Valmont-sur-Territet, na Suíça.
Foi de lá, em 1926, que ele tinha tentado um apelo à Liga das Nações (atual ONU), através de seu amigo, o embaixador Afrânio de Melo Franco, representante brasileiro na reunião que seria realizada em 14 de janeiro:
“Li em diversos jornais que se pretende limitar a ação dos submarinos, proibindo-lhes tomar parte ativa em guerras futuras. No entanto, até onde sei, não se pensou na Aeronáutica. Conhecemos, entretanto, o que são capazes as máquinas aéreas. As suas proezas, no decurso da última guerra, nos permitem entrever, com horror, o grau de destruição que elas poderão atingir no futuro, como espalhadoras da morte, não só entre as forças combatentes, mas também, e infelizmente, entre pessoas inofensivas da zona de retaguarda. Aqueles que, como eu, foram humildes pioneiros na conquista do ar, pensavam mais em criar novos meios de expansão pacífica dos povos do que em fornecer-lhes novas armas de combate.”
Neste contexto, esta carta me parece excepcional. Santos Dumont escreve para Júlio de Mesquita, o emblemático proprietário do jornal Estado de São Paulo, muito influente na época. Ele comenta seu estado de saúde ruim, das homenagens que lhe foram prestadas e, sobretudo, da famosa “carta à Liga das Nações pedindo a abolição da aviação como instrumento de destruição”. Uma carta histórica e, infelizmente, ainda muito atual.