Dicas de conservação para seus documentos
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Os problemas mais comuns de conservação dos documentos
O papel, material que trás consigo um legado milenar, manifesta, dentre as suas diversas modalidades de produção e aplicações, um uso possível como suporte de registros gráficos. Estes, quando escritos ou impressos, percorrem diversas classes sociais e constituem a maior parte dos acervos documentais e bibliográficos.
Oriundo do processamento de matérias vegetais fibrosas, como o algodão, pinheiro ou eucalipto, o papel, se apresenta vulnerável a diversos processos de deterioração e degradação, quer sejam intrínsecos, quer extrínsecos a ele. Os agentes intrínsecos de deteriorações, diretamente à constituição do papel, seu tipo de fibra, à presença de particulados metálicos e resíduos químicos, oriundos da sua fabricação ; os extrínsecos, por sua vez, associam-se aos agentes físicos e biológicos, como a temperatura e umidade do local de guarda, poluição atmosférica, manuseio incorreto ou acondicionamento indevido.
Neste sentido, podemos considerar que as variações e instabilidades da umidade e temperatura do local de guarda do acervo, podem acarretar, além da contração e estiramento das fibras do papel, no surgimento de micro-organismos e insetos, fatores que colocam em risco a integridade física e durabilidade das obras que constituem o acervo. De modo a evitar os mencionados danos, a temperatura ideal para o acondicionamento de um acervo documental, é de 20ºC de temperatura e 50% de umidade relativa do ar.
As embalagens de acondicionamento, desde que produzidas com materiais neutros e estáveis quimicamente, proporcionam uma barreira contra o clima externo e um micro-clima interno, reduzindo internamente as oscilações climáticas e retardando a deterioração fotoquímica, proveniente da exposição do acervo a luz natural ou artificial.
Também nocivos aos acervos documentais, os poluentes atmosféricos, como os gases ácidos devido à queima de combustíveis – que podem acelerar a deterioração do papel, promovendo reações químicas – e os materiais pulverulentos que, por ação mecânica ou natural, são depositados sobre as obras, oferecem grande risco a sua estabilidade física. Em grandes acervos, sistemas de ventilação adaptados e filtros de retenção de componentes danosos ao material documental são utilizados como medida de proteção.
Não obstante, a ação humana (o manuseio inadequado das obras que constituem o acervo) sobre obras manuscritas, impressas ou tridimensionais (encadernadas), colocam em risco iminente a integridade física das obras.
Algumas medidas preventivas para conservar documentos
Alguns procedimentos podem favorecer um maior tempo de vida útil, e contribuir de forma efetiva para a conservação preventiva do acervo :
1. Manusear as obras com ambas as mãos limpas e utilizando luvas de algodão, sempre em uma superfície lisa.
2. Não sobrepor obras em contato direto, em casos necessários, utilizar placas de papel cartão neutro, o que dificultará a possível migração de aditivos químicos de uma para o outra.
3. Evitar qualquer superfície ou objeto que cause abrasão ou marcas na obra.
4. Não utilizar fitas adesivas – devido sua composição química – ou prendedores metálicos nas obras.
5. Acondicionar as obras em posição vertical, evitando a compressão com o auxílio de bibliocantos, em invólucros e/ou caixas de material neutro e estável quimicamente; obras de grandes dimensões devem ser acondicionadas na horizontal, sendo sobrepostos no máximo três volumes.
6. Evitar a presença de qualquer tipo de alimento no local de guarda e manuseio das obras.
Visando minimizar os detrimentos sofridos pelas obras, as ações de conservação, acondicionamento e manuseio adequados, em diálogo com as prioridades do acervo, são importantes e efetivas ferramentas para a vida útil e permanências de obras documentais, pertençam elas a um grande ou pequeno acervo.
Article escrito por Heuvath Alquimim, estudante graduando em Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis na Universidade Federal de Minas Gerais.
Referências bibliográficas
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SPINELLI. J.; BRANDÃO. E.; FRANÇA, C. Manual técnico de preservação e conservação. Rio de Janeiro:Fundação Biblioteca Nacional, 2011.
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