“Eu não quero de maneira alguma explorar meu nome nem permitir que o explorem”
- Carta manuscrita de Santos Dumont para Tissandier.
- Uma página.
- Em francês.
- 22.2 cm x 28.2 cm.
- 7 de novembro de 1927.
- Espagne.
- Estado perfeito de conservação.
- Peça única.
Transcrição em francês
Cher Tissandier
Oui, Besançon m'a déjà écrit et aussi un des Ministres du Gouvernement du Brésil m'a déjà avant lui télégraphié faisant la même demande. Bien entendu, je ne pouvais la lui refuser et j'ai déjà dit à Besançon le précédent étant ouvert et moi ne voulant d´aucune manière exploiter mon nom ni qu´on ne l'exploite non plus ; c'est avec grand plaisir et honneur que je donne la permission à Latecoere. Je pars ici pour une dizaine de jours et après à Paris.
Hommages à Madame Tissandier.
Bon souvenir de l´ami Santos Dumont.
Arrango
Penharenda de Bracamonte
Espagne 7.11.27
Tradução em português
Caro Tissandier,
Sim, Besançon já me escreveu e também um dos Ministros do Governo do Brasil já me havia telegrafado antes dele, fazendo o mesmo pedido. É claro que eu não podia recusar, e já disse a Besançon, o precedente sendo aberto, e eu não querendo de maneira alguma explorar meu nome nem permitir que o explorem; é com grande prazer e honra que dou a permissão a Latecoere. Parto daqui por uns dez dias e depois vou para Paris.
Saudações à Madame Tissandier.
Boas lembranças do amigo,
Santos Dumont.
Arrango
Penharenda de Bracamonte
Espanha, 7.11.27
En 1927, Santos Dumont era uma figura reconhecida mundialmente por suas façanhas na aviação. Ele vivia afastado das grandes cidades, notadamente na Espanha, o que talvez reflita uma vontade de se distanciar da agitação ligada à sua fama e ao seu estado de saúde declinante.
Nesta carta, Besançon - talvez Georges? Outro pioneiro da aviação que também dirigiu a revista L’Aérophile - assim como um ministro do governo brasileiro, solicitam a Santos Dumont uma permissão, provavelmente relacionada ao uso de seu nome ou de suas invenções. Esta carta mostra que, apesar de sua relutância em explorar seu nome para fins comerciais ou outros, Santos Dumont se sente honrado e aceita conceder essa permissão a Latécoère, Pierre-Gorges ou seu irmão, duas figuras francesas importantes desses primórdios da aviação. Não sei mais detalhes no momento, mas estamos fazendo pesquisas com outros entusiastas.
Essa carta é importante porque nos permite conhecer um pouco mais sobre Santos Dumont, especialmente seu estado de espírito no final de sua vida, assim como suas relações com outras pioneiros dessas primeiras décadas da aviação. Ele era apreciado, admirado e consultado pela maioria desses homens, franceses ou de outros países, pois era um homem acessível e generoso. Esta carta “espanhola” é a única que eu vi em 15 anos de pesquisa sobre Santos Dumont.