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Carta manuscrita de imigrantes europeus em Chicago (1855)

Carta manuscrita de imigrantes europeus em Chicago (1855)

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"Like lost children, we are dispersed across the world and we hope to see each other again in the future."

Carta manuscrita de imigrantes europeus que viviam em Chicago, nos Estados Unidos. 4 páginas, em alemão e francês. 21.2 cm x 27,5 cm. Chicago, 7 de junho de 1855. Bom estado. Peça única.

18 de maio de 2021. Dizem por aí que a vida não voltará a ser a mesma, que um dia sairemos de nossas casas, mas nada será igual. Ainda há muitas perguntas sem resposta, mas é inegável, um novo mundo espreita atrás da porta, e nossas esperanças dependem da nossa resiliência e capacidade de fortalecer nossos laços, afinal, isolados ou não, vincular-se é intrinsecamente humano.

Nos difíceis dias de hoje, temos muito que aprender dos reveses que enfrentaram nossos antepassados. Não seremos a geração que presenciará o fim dos tempos, não somos tão únicos. As enfermidades fazem parte da nossa história, tanto médica quanto social, e, de alguma forma, todas essas penúrias construíram nossa sociedade.

No entanto, num mundo em crescente evolução, essa é a primeira vez na qual todos nós, habitantes do Planeta Terra no ano de 2020, nos defrontamos com uma situação assim. Vivemos na pele aquilo que antes só conhecíamos por livros e filmes históricos.

Ainda assim, algo nos distingue de nossos ancestrais. Essa pausa no cotidiano nos mostra a necessidade de fazer algo que insistentemente adiávamos: nos conectar com as pessoas que realmente nos importam.

No ano de 1855 uma mulher alemã, há anos vivendo no Novo Mundo, escreveu esta impactante carta à sua família, que ainda residia na Europa, contando sobre as dificuldades pelas quais passava nos Estados Unidos, e os parentes que perdeu para a Cólera, doença que, hoje em dia, tem uma letalidade de 1% com o tratamento adequado.

O medo da perda épara nós uma imagem vívida. Mas em suas profundas palavra de dor, a mulher, cujo destino jamais saberemos, parecia muito mais atordoada por outro mal-estar que não a doença em si. A cólera era real e tangível, triste e dura, contudo, mais doloroso parecia ser desconhecer a situação seus familiares. Em sua carta, ela pede:

“Se receberem essa carta, por favor respondam o mais rápido possível, estamos dolorosamente esperando uma resposta e notícias”.

A distância e o consequente desconhecimento eram fonte de uma angústia difícil de abrandar. Vivemos uma pandemia e enfrentamos uma doença da qual pouco sabemos, como foi a cólera há alguns séculos. Ainda assim, temos uma oportunidade que valeria ouro para a senhora que escrevia a seus irmãos: podemos falar com nossos familiares, nos informar sobre sua saúde, e, principalmente, dizer-lhes quantas vezes seja necessário que são queridos.

Estamos socialmente isolados, mas não estamos sós. Obviamente, cada um de nós deve permanecer em casa, mas toda a tecnologia que nos circunda permite a comunicação imediata com pessoas em qualquer canto do mundo. Que não haja engano, tecnologia não é conexão, mas a tecnologia é uma ferramenta que podemos usar a nosso favor, como uma ponte para estabelecer laços, retomar contatos e expressar o quão importantes algumas pessoas são em nossas vidas.

O amanhã é incerto, é verdade, o mundo nunca mais será o mesmo, o hoje é nossa única convicção, não devemos perder essa oportunidade. Neste exato instante, com quem você quer compartilhar o milagre do agora?

Tradução do alemão e francês para o inglês

Chicago, June 7th, 1855

Beloved brother, sister-in-law and all your children.

Already apart for more than 8 years, and we have heard very little from each other. I want to know now if I address you a letter, I will receive a reply back. I am the only sister here in this faraway world, and I would like to hear something from my other brothers and sisters and their children. Like lost children, we are dispersed across the world and we hope to see each other again in the future. With tearful eyes, I must let you know, that our sister Madeleine died almost a year ago. On July 15th, 1854, she died of cholera and our smallest child (now 2 years old) was very sick at first for 15 days. She was saddened and was afraid she would die. On her last night, she watched over our child and no one heard anything until the morning at 8 a.m. she started to complain about pains so severe that we could not bear to watch. The following day, at eight o'clock she passed away and left us. Our child remained sick until winter and we asked ourselves how is that he is still alive, but now, God be grace, he is awake and cheerful. The children we now have are two boys, before them we had a boy and a girl, but both died of cholera before the age of 5.

Disease is rampant here and this is was we like the least about this place. However, this year, we have not yet been afflicted. We do not yet regret that we are here, because we can save ourselves a good fortune. Now the value of our fortune is perhaps 15/16 thousand francs, but we don't have any money. Everything is in commercial real estate. I would have liked that all my brothers and sisters had come with us to America. But now if you are married, it is more difficult to start off because everything is so expensive. 100 pounds of flour costs 50 Francs, fresh meat 8/10 francs, a sack of potatoes 4 Francs, and everything else is priced that way. This is why everyone here, and especially those who have not learned a trade, have a very hard life their first few years. For example, people who arrived in the fall were forced to beg for alms in the winter. Spring is the best time. It may be possible that, God willing we make enough, and we can leave America, we can live a quiet life in Europe. My sister Therese wrote us twice that she also wanted to come to America with (text undecipherable/ name) and we answered, but so far we haven’t heard anything. Is she alive or not? She wrote to us that dear sister Merigen is dead, and I would like to know if sister Marie is still alive and if she is not yet married and also sister Marguerite and my three brothers and sisters in law with their children. Also, write to us about what your son Peter is doing and his wife and children and daughter Catherine and anything you know to write about. So, if you receive this letter, answer me well and write as quickly as possible, because we are painfully waiting for your reply and we want to hear a bit more news from my brothers, sisters, and their children.

Write your letter as well as the others because we do not know how to read French letters.

It is all that I can write to you and I wish that my letter will find you as healthy as it has left us.

A thousand greetings from my husband Nicholas Thein, and I.

Dear brother and sister-in-law and Pierre Klein, his wife Catherine Klein, and everyone else is in our thoughts. We are and remain your faithful sister Anne Thein and brother-in-law Nicolas Thein.

Here is the address:

Mr. Nicolas Thein
Chicago
Illinois, North America

Quando descobri essa carta, algo nela me tocou. Não foi escrita por - ou para - uma grande personalidade histórica mas isso é uma das belezas dos documentos autógrafos : um conteúdo emocionante, ou que nós ensina algo novo, criado por um cidadão anônimo, pode ser mais impactante - e até mais interessante de um ponto de vista histórico - do que uma carta do Imperador francês Napoleão comentando um fato comum que já conhecemos. Essa carta nós faz sentir "na pele" dos imigrantes europeus que sonhavam de fazer fortuna na América. E a maravilhosa imagem que nós acolhe estimula ainda mais nossa imaginação.


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