Em 1906, Joaquim Nabuco revela os bastidores da diplomacia Brasil-EUA.
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Carta manuscrita de Joaquim Nabuco para Dr Gastão da Cunha.
- Em português.
- Uma folha, quatro páginas.
- Dimensões: 13.6 cm x 17.3 cm.
- Sem indicação de local, 13 de outubro de 1906.
- Excelente estado de conservação.
- Peça única.
Trecho
(...) Meus sentimentos são profundamente monrovistas e desejaria trabalhar por uma inteligência tão completa entre os dois países que fosse tida por todos como uma aliança tácita.
O Secretário de Estado, Mr. Root, irá visitar o Brasil por ocasião do 3º Congresso Panamericano, e eu tenho o maior interesse em que ele se encontre ali com o Dr. Penna também para ver que na futura Presidência o rumo será o mesmo.
Todo o meu esforço daqui até julho será para que essa visita tenha a máxima importância política. Há dias me disse um amigo que eu, apenas chegado, já poderia partir, pois havia alcançado tudo.
O facto é que só depende de nós fazer da visita do Secretário de Estado, Mr. Root, um acontecimento de primeira força, que vá grandeza. Também, se não o for, será por isso mesmo, uma decepção.
Em 1906, Joaquim Nabuco era um dos mais importantes diplomatas e intelectuais do Brasil, ocupando o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, sendo o primeiro a representar oficialmente o país em Washington. Conhecido por sua luta pela abolição da escravidão, ele também desempenhou um papel fundamental na diplomacia brasileira, buscando fortalecer as relações entre Brasil e Estados Unidos. Naquele ano, ele esteve envolvido na organização da visita do Secretário de Estado norte-americano Elihu Root ao Brasil, um evento de grande relevância política e estratégica para a aproximação entre os dois países. Além de seu trabalho diplomático, Nabuco continuava a escrever e influenciar o pensamento político brasileiro, defendendo ideias liberais e o desenvolvimento de uma política externa moderna para o Brasil. O destinatário é Gastão da Cunha, que era também um diplomata brasileiro.
A carta de Joaquim Nabuco a Gastão da Cunha, escrita em 13 de outubro de 1906, aborda dois temas principais: condolências pessoais e diplomacia internacional. No início, Nabuco expressa seu pesar pela perda de um ente querido de Gastão. Em seguida, ele discute a visita do Secretário de Estado dos EUA, Elihu Root, ao Brasil, no contexto do 3º Congresso Pan-Americano, enfatizando a importância desse evento para estreitar os laços entre os dois países. Nabuco menciona seus esforços para garantir que a visita tenha grande impacto político e seja vista como um marco na relação Brasil-EUA.
Um detalhe interessante: a palavra “monrovistas” refere-se aos adeptos da Doutrina Monroe, uma política externa dos Estados Unidos no século XIX que enfatizava a não intervenção europeia no continente americano e a influência dos EUA sobre a América Latina. Ao escrever “Meus sentimentos são profundamente monrovistas”, Joaquim Nabuco expressa sua crença na aproximação entre Brasil e Estados Unidos dentro do contexto diplomático da época.
A carta é excepcional no aspecto histórico. Ela oferece uma visão dos bastidores da diplomacia brasileira no início do século XX e da estratégia de Nabuco para consolidar uma aliança com os Estados Unidos. Assim, o documento não apenas registra um episódio importante da história diplomática do Brasil, mas também mostra o pensamento e a atuação de um dos maiores intelectuais do país.