Em 1892, Machado de Assis aprecia os versos de outro escritor e prometeu lê-los para seus parentes e vizinhos.
Carta de Machado de Assis para um destinatário não identificado.
Uma folha, duas páginas.
Em portuguès.
25.4 cm x 20.2 cm.
Em bom estado de conservação, porém com duas manchas, provavelmente de um líquido, uma na parte inferior e outra na parte superior, que borraram parcialmente umas letras.
Peça única.
21 de junho 1892
Bom e querido amigo
Se alguma coisa pudesse compensar sua falta e da (?) D. Laura seriam os bellos versos que acabo de ler, em que a elevação dos conceitos se reune à a generosidade da applicação. Melhor que tudo seria ter o autor e a obra : mas ca fica a obra, como lembrança do dia. Vou ler os versos aos amigos que aqui se acham - poucos é certo - os meus parentes, meus vizinhos e alguns mais. Todos porém (?) do que valeu o seu coração e igualmente, en- tendes(?) da ausência das obras. Meu respeito a Mme Consorte e agradecimentos em dia
Velho amigo e (?)
Machado de Assis
Alguns nomes são particularmente raros no fascinante mundo dos documentos autógrafos e valorizam constantemente. Machado de Assis, talvez o maior nome da literatura brasileira, é um deles. É possível encontrar, de vez em quando, alguns documentos assinados por ele, quando era funcionário público, ou dedicatórias em livros, mas cartas pessoais são ainda mais raras.
Essa carta é particularmente valiosa porque trata de literatura: seria um pouco como ter em mãos uma carta de Einstein explicando um conceito de física ou uma de Santos Dumont refletindo sobre aviação.
Machado menciona ter lido "belos versos", indicando que o destinatário da carta pode ter sido um amigo poeta ou escritor, talvez um colega da Academia Brasileira de Letras. A esposa do destinatário se chama Laura, mas isso não ajudou a identificar o casal.
Além disso, a apreciação de Machado pela "elevação dos conceitos" e pela "generosidade da aplicação" nos versos lidos mostra a profunda sensibilidade do escritor para com as qualidades morais e estéticas da literatura.
Por fim, a carta também revela como Machado compartilhava obras literárias com um círculo íntimo de amigos e familiares, parecendo valorizar muito a opinião deles sobre as obras que ele lia e, possivelmente, que ele escrevia.
Enfim, temos aqui uma peça bastante excepcional para um colecionador focado na literatura brasileira e em Machado de Assis.