Donald Pierson, o pioneiro norte americano da antropologia no Brasil comenta suas pesquisas e publicações.
- Três cartas de Donald Pierson para Valdemar Cavalcanti.
- Uma página para cada carta.
- Em português.
- 21,5 cm x 28 cm.
- 11 de julho de 1955 (São Paulo), 03 de maio de 1967 (Estados Unidos) e 31 de julho de 1974 (Estados Unidos).
- Papel fragilizado pelo tempo.
- Conjunto único.
Carta de 1955 | Esta carta é muito interessante, porque menciona uma pesquisa pouco conhecida feita entre 1950 e 1953, no interior rural do Brasil, no Vale de São Francisco.
Carta de 1967 | Esta carta menciona a publicação do livro que foi lançado no Brasil em 1971 : Pierson, Donald. 1971 [1942] Brancos e pretos na Bahia : estudo de contato racial. São Paulo : Companhia Editora Nacional. 2da. edição.
Carta de 1974 | Há uma relação com a carta de 1955, porque trata da publicação do livro O homem no Vale do São Francisco, que foi o último trabalho feito por Donald Pierson no Brasil.
Gostaríamos de agradecer ao Dr. Edgar S. G. Mendoza, da Universidade de San Carlos da Guatemala, cuja tese de Doutorado e os comentários por e-mail nos ajudaram a entender a contribuição de Donald Pierson, da Escola Sociológica de Chicago, nos primórdios da Antropologia, Sociologia e Ciência Política no Brasil ; e, por consequência, a importância deste conjunto de cartas inéditas.
O procedimento de Donald Pierson na pesquisa de campo é muito diverso: ele fez uma descrição minuciosa da situação racial, analisou o número proporcional de indivíduos em contato, graus de prestígio, segregação racial e miscigenação, ocupações, vestuário, atitudes do grupo, função do mestiço na comunidade, participação de grupos sociais, ecologia, economia, política e sociologia das relações entre grupos, consciência de raça, status, sentimentos grupais de segregação e formas culturais.
Com a observação participante, as técnicas de pesquisa de seleção de informações principais (homens, mulheres, idade, etc.), técnicas de questionários, árvores genealógicas e entrevistas diretas, ele obteve, de primeira mão, dados importantes. Através do registro de rituais, casamentos, cerimônias, concertos musicais, acontecimentos esportivos, solenidades, festas populares, desfiles, abertura e encerramento de festas de escolas, igrejas, missas, homenagens, inaugurações, clubes, cinemas, recepções, congressos, carnavais, procissões, bibliotecas públicas e escolas, Donald Pierson conseguiu ter uma ideia geral dessas situações temáticas. Além disso, seus estudos em arquivos históricos na busca de documentos, mapas da cidade, documentos pessoais (cartas), autobiografias, censos demográficos, histórias de vida, classificações (provérbios), jornais, bibliografias científicas, literatura popular (romances, poesias, contos etc.), permitiram-lhe reconstruir o passado de Salvador.
Pierson iniciou a formação de alunos e discípulos através de aulas, seminários, conferências, traduções de livros e artigos, contatos com instituições, universidades e professores estrangeiros. Esta foi uma maneira de treinar profissionais capacitados, e, ao mesmo tempo, de reprodução e construção de uma maneira de fazer pesquisa no Brasil.
Donald Pierson foi uma figura central na pesquisa sociológica no Brasil com novas ideias, pontos de vista e orientações. Seu interlocutor, Valdemar Cavalcanti (1912 – 1982), foi um escritor premiado e um pioneiro do jornalismo no Brasil.