Desenho entusiasta do polêmico escultor mineiro Alfredo Ceschiatti, parceiro constante de Oscar Niemeyer.
- Desenho com dedicatória do escultor Alfredo Ceschiatti.
- Para D.Maria José ou Zezé, como era conhecida.
- Data e localização desconhecidos.
- 26 cm x 21 cm.
- Excellente estado de conservação.
- Peça única.
Alfredo Ceschiatti (1918 - 1989) foi um escultor mineiro, de fama internacional. Explorou principalmente a figura feminina, representada com formas puras e arredondadas. Sua primeira viagem à Itália, em 1938, foi decisiva na admiração provocada pelas obras dos mestres do Renascimento.
Para mim, a Itália foi um choque. (...) No fundo, quem me ensinou a vida inteira foi Michelangelo, minha grande emoção.
Essa influência explica também o caráter quase sempre monumental de suas obras. Cada escultura lhe tomava de dois a três meses, do primeiro estudo até a fundição, feita por ajudantes especializados.
Penso muito no local onde ela vai ficar, é meu ponto de partida e prefiro as grandes peças ao ar livre, onde se tem mais possibilidade de explorar planos, sombras, luzes. Gostaria de fazer esculturas ainda maiores, como o Cristo Redentor, que acho um trabalho lindo. Acho que escultura não deve ser um objetozinho de decoração. Tem que ter um sentido mais monumental.
De fato, em 1943, Alfredo Ceschiatti começou sua colaboração com os projetos revolucionários de Oscar Niemeyer, para quem o prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, encomendou o conjunto da Lagoa da Pampulha. Este foi o começo da trajetória que faria do arquiteto um profissional de renome internacional. Ceschiatti assumiu o baixo-relevo da Igreja da Pampulha, premiado, tendo como fonte inspiradora a força da Capela Sistina. Ele também esculpiu "O Abraço", obra de duas mulheres abraçadas, considerada imoral pela tradicional família mineira da época : ficou guardada muitos anos até ser finalmente exposta em um jardim da Pampulha.
Em 1960, terminou As três forças armadas, tema do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, tornando-se certamente uma de suas obras mais conhecidas.
A parceria com Oscar Niemeyer atingiu seu auge com a criação de Brasília, onde o trabalho do escultor acompanhou o do arquiteto : "Banhistas" no Palácio da Alvorada, "Justiça" no Supremo Tribunal Federal, "Duas Irmãs" no Itamarati ou "Evangelistas e Anjos" na Catedral de Brasília foram obras de Alfredo Ceschiatti.
Niemeyer dizia dele : “Como dois bons amigos, vamos caminhando pela vida. Eu, absorvido pela arquitetura, inventando formas, brincando com o concreto armado ; ele, a fazer suas esculturas. Essas mulheres lindas, barrocas, cheias de curvas. Como gosto de vê-las”.
"D.Maria José ou Zezé, como era conhecida, foi Arte-educadora, professora pioneira da UNB, afastando-se dela nos anos 70, em solidariedade aos colegas perseguidos pela ditadura. Criou a Escola Classe da 104 Sul e foi grande amiga do artista, entre outros como Oscar Niemeyer e Athos Bulcão." escreveu um visitante da coleção Glórias, Claudio Pereira, que agradecemos por esta informação.
Documentos do escultor são conservados principalmente pela família e instituições públicas, este desenho entusiasta é uma raridade.