Desenho de moda de Dener Pamplona (1975)
Desenho de moda de Dener Pamplona (1975)
Em 1975, Dener Pamplona desenha um vestido espectacular para uma socialite carioca.
Desenho de moda de Dener Pamplona, um vestido para a socialite Anita Peçanha. Uma página. Anotações em português. 31cm x 41cm. 1975-1976, sem informação sobre a localização. Provavelmente São Paulo ou Rio de Janeiro. Bom estado. Peça única.
Um dândi narcisista, superficial e mentiroso? O precursor da alta-costura no Brasil? Um personagem de novela? Difícil descrever quem foi Dener Pamplona (1937-1978). Vou tentar resumir os fatos nos quais os historiadores da moda parecem concordar.
Dener utilizou a autopromoção para valorizar sua marca e se tornar a principal referência de alta-costura no Brasil. Ele dominava a arte do marketing pessoal, criando histórias tão envolventes que nem mesmo os seus amigos ou a imprensa ousavam questionar. As festas na casa do designer eram frequentadas por celebridades como Elis Regina, Ronaldo Bôscoli e a Primeira Dama, Maria Teresa Goulart. Além do estilista Clodovil, cuja guerra entre ateliês alimentava a presença deles na mídia. Dener Pamplona era exagerado e esnobe, mas esse personagem era também uma estratégia vanguardista de comunicação para tocar seu público socialite.
Um bom exemplo é Anita Peçanha (1906-1995), a modelo desse croqui. Ela era uma socialite conhecida no Brasil nos anos 1970, casada duas vezes, primeiro com o diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, e mais tarde com o industrialista brasileiro Francisco Matarazzo. Ela era reconhecida por sua excepcional beleza e elegância, além de atuar na promoção da arte modernista brasileira e fazer um importante trabalho com organizações filantrópicas.
Dener Pamplona abriu seu primeiro ateliê em São Paulo, na década de 1960, quando a rua Augusta começava a se tornar a passarela da moda, e marcou uma mudança radical ao criar roupas para socialites em uma época em que Paris era a referência de moda e os estilistas brasileiros só copiavam as criações francesas. Ele evitava a cópia fácil e tentava criar roupas exclusivas para cada cliente de acordo com a sua aparência física, idade, preferências pessoais e as exigências do clima tropical do país. Sua marca foi considerada a primeira do ramo no Brasil e é lembrado até hoje pelos especialistas, como um ícone da moda brasileira, antes da invasão das marcas estrangeiras e globais.
Nesse contexto, esse grande desenho - o primeiro encontrado em uma década - se torna um documento histórico para quem gosta de moda. De grande formato, com muitos detalhes e em excelente estado, me chamaram também a atenção, a explicação manuscrita “Branco com bordado” e a grande assinatura do artista.