Em 1989, o trompetista Miles Davis expressa seu (outro) talento no cardápio de um prestigioso restaurante francês.
Desenho à lápis de Miles Davis, dentro de um cardápio do restaurante La Pyramide, durante o Festival de Jazz de Vienne, na França.
Na última página do menu fica uma outra dedicatória gráfica realizada pelo artista Mikel Elam que acompahava Miles Davis durante seus tours.
6 páginas.
Em francês.
21 cm x 29.5 cm.
Vienne (França), 30 de junho de 1989.
Excelente estado de conservação.
Peça única.
Miles Davis (1926 - 1991) começou a tocar trompete aos treze anos e nunca parou. Responsável por muitas evoluções no jazz e pela descoberta de muitos novos talento, seu gênio musical marcou a história do jazz e da música do século XX. Ele foi também um dos primeiros músicos negros conhecidos e aceitos pela classe média norte americana.
O Festival de Jazz de Vienne, criado em 1981, se tornou rapidamente um ponto de encontro dos melhores músicos do mundo : Ray Charles, Herbie Hancock, Eric Clapton, etc. La Pyramide, um dos restaurantes franceses mais prestigiosos, era o lugar onde costumavam jantar e hospedarem-se os músicos do festival. Depois de ter sido vendido para um grupo imobiliário, La Pyramide foi reinaugurado em 1989 com um jantar especial em homenagem ao ilustre Miles Davis. Foi durante essa noite especial, que ele desenhou nesse cardápio.
Criador do festival, Jean-Paul Boutellier explica porque Miles Davis foi importante para o evento :
Miles Davis realmente impactou o festival. Primeiro porque tinha um incrível efeito sobre o publico. Mas também porque ele gostava do lugar. Ele gostava do festival, curtia a simpatia dos organizadores e dos espectadores, o hotel La Pyramide... Deu shows lendários, como quando tocou o show inteiro debaixo de chuva para interagir com o público, foi fabuloso !
Mikel Elam, hoje pintor reconhecido representado pelo galerista Charles Saatchi, assinou a última parte do documento na mesma noite :
Um dia acontece algo mágico. Eu me tornei assistente do lendário músico de jazz Miles Davis. Eu viajei o mundo com ele como seu assistente pessoal por cinco anos. Em meio a tudo isso, parei de fazer arte. Eu fui consumido por essa nova vida. Ela dominou. A beleza do meu novo trabalho foi ajudar Miles a alcançar seus objetivos em se tornar um pintor. Ele literalmente desenharia e pintaria todos os dias, na estrada e em casa. Eu o ajudaria a comprar seus suprimentos e preparava-o para pintar depois de suas apresentações. Às vezes, ele começaria a trabalhar às duas horas da manhã, após uma apresentação. Foi Miles quem me trouxe de volta à arte. Ele insistiu que eu fizesse arte novamente. Eu resisti a princípio porque pensei que não seria capaz, devido a constante mudança, de criar algo digno. O que descobri foi que com a prática e foco eu poderia criar na estrada. O mundo tornou-se meu estúdio. Estas são as influências observadas no meu trabalho. É a influência do ritmo do mundo. É uma justaposição híbrida de influências de todo globo. Miles se tornou, eventualmente, um colecionador do meu trabalho.
Apenas dois anos antes da morte do lendário trompetista, esse documento inédito revela de forma muito original outro talento do artista, o desenho, desenvolvido com seu amigo Mikel Elam e geralmente desconhecido do público.