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Oração de exorcismo em latim (séculos XVI ou XVII)

Oração de exorcismo em latim (séculos XVI ou XVII)

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Há 300 ou 400 anos, um erudito escreve uma longa oração em latim para livrar e proteger do demônio e das bruxas.

  • Extensa oração manuscrita em latim, o autor do manuscrito não foi identificado.
  • Duas folhas, três páginas.
  • Basicamente, em latim, algumas anotações em português, com um desenho representando a cruz: INRI (Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum).
  • 14 cm x 20 cm.
  • Documento encontrado no Brasil, escrito no Brasil ou em Portugal, séculos XVI ou XVII.
  • Excelente estado de conservação.
  • Peça única.

    A tradição popular diz que Santo Antônio deu uma oração a uma pobre mulher que procurava ajuda contra as tentações do demônio. Sisto V, um papa franciscano, mandou esculpir a oração – chamada também de “lema de Santo Antônio” – na base do obelisco, que mandou erigir na Praça de S. Pedro, em Roma.

    Eis a oração original, em latim
    Ecce Crucem Domini! +
    Fugite partes adversae! +
    Vicit Leo de tribu Juda, +
    Radix David! Alleluia!

    Eis a tradução, em português
    Eis a cruz do Senhor! +
    Fugi forças inimigas! +
    Venceu o Leão de Judá, +
    A raiz de David! Aleluia !


    Essa breve oração tem todo o sabor de um pequeno exorcismo. Também pode ser usada – em latim ou português – para ajudar a superar as tentações que se nos apresentam.

    Qual é a origem da Bênção de Santo Antônio?

    Segundo o Convento de Santo Antônio e Aleteia, existem muito poucas pesquisas sobre a origem dessa bênção. E nenhuma pesquisa séria mais recente. Até hoje, a mais citada é a dos Bolandistas. E, mesmo assim, ela é baseada numa lenda. Eles a contam assim:

    Havia em Portugal, no reinado do rei Diniz, uma pessoa atormentada por vexações diabólicas. O inimigo da nossa salvação aparecia-lhe sempre sob a forma de Jesus Cristo e ordenava-lhe que se atirasse ao Rio Tejo, para obter a remissão dos seus pecados e a recompensa celestial. A infeliz, enganada pelas mentiras de Satanás, decidiu um dia afogar-se. No caminho, encontrou uma capela franciscana que apareceu afastada do funesto projeto e deu-lhe um pergaminho, dizendo-lhe para trazê-lo sempre consigo. Ao acordar, achou, suspensa no pescoço, a folha preciosa, onde se liam algumas linhas, chamadas depois “Breve ou Carta de Santo António”. Imediatamente, fez-se sentir a eficácia do remédio celeste: a obsessão de Satanás desapareceu imediatamente.

    O rei de Portugal, tendo tomado conhecimento do milagre, quis ver o maravilhoso escrito e mandou buscá-lo. Desde que se viu privada do seu tesouro, a pessoa recaiu no poder do demônio. Levaram-lhe uma cópia exata do Breve milagroso. Recebeu-a com confiança, trazendo-a dia e noite consigo. No mesmo instante, recobrou a paz e ficou livre de tais tentações. O rei conservou o original entre as relíquias da coroa.

    Esse manuscrito, escrito em latim, datado dos séculos XVI ou XVII segundo um especialista francês, está em perfeito estado de conservação. É a forma extensa da oração original, mas não descobrimos quem é o autor desse papel. Documentos autografados, tratando da temática do exorcismo, são muito raros e a estética da escrita me impressionou; foi o que me motivou apresentar essa peça muito singular para vocês.


    Atualmente este documento compõe o acervo do Embira — Laboratório do Papel, um laboratório de pesquisa multidisciplinar, interdepartamental e interinstitucional vinculado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), que tem como base o estudo e a caracterização de documentos em suporte de papel. Congrega pesquisadoras e pesquisadores das áreas de História, Letras (Filologia) e Física, desenvolvendo instrumental para análises técnico-científicas do papel a fim de responder a questões relacionadas a produção, circulação, estado de conservação e implicações de uso em diferentes perspectivas.

    E-mail: embira.fflch@usp.br
    Instagram: @embira_usp
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