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Fotografia do avião "La Croix Du Sud", de Jean Mermoz, em Natal (1934)

Fotografia do avião "La Croix Du Sud", de Jean Mermoz, em Natal (1934)

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O lendário avião "La Croix du Sud" de Mermoz está em Natal.

  • Fotografia inédita do avião La Croix du Sud com uma anotação em francês, no verso.
  • Natal, 18 de setembro, 1934.
  • 17 cm x 12,3 cm.
  • Estado perfeito de conservação.
  • Peça única. 

Tradução da anotação do francês para o português

“Croix-du-Sud atracado no rio, o mecânico faz uma última inspeção."

O mundo da aviação sempre despertou sonhos e curiosidade, é assim ainda hoje, quando compramos nossas passagens online e acompanhamos a rota dos aviões em tempo real via internet. Mas houve um tempo no qual os bancos de couro das aeronaves exalavam um perfume de novidade, e se aventurar pelos céus exigia muita coragem. Nesses longínquos anos, quem diria que foi um francês quem deu asas ao Brasil.

Seu nome era Jean Mermoz (1901 - 1936), e apesar de que ele hoje nomeie inúmeros colégios, suas peripécias passaram longe dos bancos acadêmicos. Na verdade, em 1920, aos 19 anos, Mermoz reprovou o vestibular, e somente por isso se alistou para ser aviador do exército. Porém, a disciplina militar não o apetecia, e, quatro anos depois, ele deixou o exército e foi buscar trabalho na aviação civil. Ainda que talentoso, por pouco Mermoz não foi contratado pelas Linhas Aéreas Latécoère em 1924, já que, em seu teste de admissão, suas acrobacias desagradaram ao rigoroso diretor da companhia, Didier Daurat. Contudo, depois de um pequeno corretivo, Mermoz realizou um voo normal e perfeito.

A partir de então, o piloto começou a trabalhar como carteiro dos céus e acumular histórias de aventuras. No começo de sua carreira, Mermoz sobrevoou uma vasta parte do continente africano, onde, em 1926, sofreu um acidente, caiu sobre o Saara e foi feito refém por um grupo de rebeldes tuaregues. Por sorte conseguiu escapar. Mas a Latécoère tinha planos para a América do Sul, e Mermoz logo se tornou chefe de pilotos na região. Em um de seus voos no sul do continente, o motor apresentou uma falha e o piloto teve que aterrissar em plena Cordilheira dos Andes. Lá ele ficou por 50 horas tentando consertar o motor, até que teve a ideia de jogar o avião de um precipício para conseguir impulso para voar. É quase impossível acreditar que o plano deu certo!

Mas a maior aventura de Mermoz ainda estava por vir, para estabelecer a conexão entre a Europa e a América do Sul era preciso voar sem escalas. Assim, Mermoz realizou a primeira viagem transatlântica de correios aéreos sem escalas da história! Um voo de mais de 21h entre Senegal e Natal, no Brasil.

Desde então, o piloto francês se tornou um ilustre visitante. Ele sempre retornava a Natal, onde fez amigos e chegou a viver em uma casa própria. Lá, Mermoz descansava de seus longos voos, praticava tênis e nadava nas belas praias natalenses. Seu avião, o Croix-du-Sud, tornou-se um querido conhecido na cidade. Como podemos ver na fotografia inédita de 1934 que mostra o prestigiado avião pouco antes de decolar de Natal. A foto provavelmente foi tirada por um dos tripulantes, já que atrás dela lê-se: “ Croix-du-Sud atracado no rio, o mecânico faz uma última inspeção".

Infelizmente, em 1936, Mermoz desapareceu nesse mesmo avião, num voo em direção a Natal. O Croix-du-Sud não resistiu à viagem e caiu ao mar, nenhum de seus tripulantes foi encontrado. Anos depois, foi descoberto que o avião de Mermoz havia sido sabotado pelo Partido Nazista Uruguaio. Ainda que nos tenha deixado muito jovem, Mermoz se tornou inesquecível, suas histórias e aventuras inspiram sonhos, e seus feitos começaram a conectar o Brasil ao resto do mundo. Esta fotografia é então, em muitos aspectos, histórica.


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