Em 1886, doze escravos estão registrados em um documento oficial com sua cor, idade e valor econômico.
- Relação de escravos pertencente a D. Carlota Francisca da Rocha.
- Uma página.
- Em português.
- 43 cm x 30 cm.
- Município de Campos dos Goytacazes, 1886.
- Bom estado de conservação, exceto na parte inferior esquerda mas sem prejudicar as escritas.
- Peça única.
Este documento é um registro de escravos pertencentes a uma plantação ou propriedade no Brasil. Está datado de 14 de maio de 1886, cerca de dois anos antes da abolição da escravidão no Brasil com a assinatura da Lei Áurea em 1888. Ele é notável por várias razões:
- Ele mostra um nível de detalhamento na gestão dos escravos, com colunas específicas para o nome, cor da pele, idade, estado civil e nacionalidade, o que reflete a burocracia organizada em torno da escravidão. Por exemplo, “Bento” (linha 1), um escravo de cor “preto”, com 30 anos de idade (“trinta anos”).
- O fato de que a cor da pele dos escravos esteja registrada na coluna “Cor” é um aspecto marcante. Isso mostra a obsessão da época em categorizar os indivíduos de acordo com sua raça, associando essa informação ao seu valor econômico. Por exemplo, “Chica” é descrita como “preta”, e “Benedita” como “parda” (mestiça).
- A parte que menciona o “valor dado conforme a tabela” é muito reveladora. Ela mostra como os seres humanos eram tratados como mercadorias, avaliados monetariamente de acordo com critérios não explicitados (idade, profissão, condição física, etc.). Vemos valores como “oitocentos mil réis” para escravos como Bento ou Benedita. Esta soma reflete seu valor no mercado da escravidão, que podia variar em função da profissão, habilidades ou estado de saúde. Alguns escravos eram considerados mais valiosos do que outros. Benedita é mencionada como “doméstica”, o que significa que provavelmente trabalhava na casa principal, algo que frequentemente indicava uma hierarquia entre os próprios escravos, com alguns trabalhando nos campos e outros dentro da casa.
- A data (1886) também é muito importante, pois está situada dois anos antes da abolição da escravidão no Brasil (em 13 de maio de 1888 com a Lei Áurea). Naquela época, já havia pressões para acabar com a escravidão, e alguns proprietários começaram a libertar seus escravos. Este documento é um dos últimos desse tipo.
- O documento é assinado, e há nomes anotados na parte inferior que sugerem a participação de uma autoridade local ou administrador. Isso mostra que o processo de registro dos escravos era rigorosamente controlado por instituições locais. A assinatura de “José Joaquim Penna da Rocha” é notável, possivelmente indicando o proprietário da plantação.
No Brasil, a escravidão durou mais de três séculos (de 1530 até a abolição em 1888), e durante esse período, era comum que os proprietários de escravos mantivessem registros semelhantes. Os escravos eram considerados bens valiosos, e a gestão de suas informações (nome, idade, origem, profissão, etc.) era essencial por razões econômicas, fiscais e administrativas. Esses documentos eram frequentemente mantidos pelos próprios proprietários ou por autoridades locais para transações legais, heranças ou estimativas de patrimônio.
Com o tempo, com a abolição da escravidão e a evolução da sociedade brasileira, esses documentos foram perdidos, destruídos ou dispersos. Por isso, os que sobreviveram são considerados peças importantes da História. Aqueles que contêm detalhes pessoais, como idade, cor da pele, estado civil e valores econômicos dos escravos, são particularmente raros e valiosos. É por isso que este documento é notável e deve ser absolutamente preservado por um colecionador privado de alto nível ou uma instituição pública.
