Em 1888, a Princesa Isabel recebe uma carta extraordinária de agradecimento pela Lei Áurea, um emocionante pedido de ajuda financeira e a solicitação de um veterano da Guerra do Paraguai para ser condecorado com a Ordem de Cristo.
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Três cartas recebidas pela Princesa Isabel, autores "anônimos".
- Em português.
- 2 páginas (1a carta) + 3 páginas (2a carta) + 2 páginas (3a carta)
- +/- 17 cm x 25 cm.
- Brasil, 1888.
- Excelente estado de conservação.
- Conjunto único.
Carta de agradecimento pela Lei Áurea
A carta, escrita em 15 de maio de 1888 por Geraldo Felipe d’Oliveira, é um agradecimento e uma homenagem à Princesa Isabel pela abolição da escravidão no Brasil. O autor celebra a grandeza da Princesa Imperial, reconhecendo sua liderança e as decisões que marcaram uma nova era para o país. Ele destaca o papel histórico da Princesa no desenvolvimento de leis justas e no Decreto de 1870, que culminou na libertação dos escravos em 1888, considerado um marco de justiça e progresso. Com reverência, o autor exalta a importância do feito para a história do Brasil e expressa sua admiração e devoção à Princesa e à sua família real.
Carta de pedido de ajuda financeira
A carta, escrita em 1888 e endereçada à Princesa Isabel, é um pedido emocionado de ajuda financeira. O autor, identificado como um súdito fiel e admirador das ações abolicionistas da princesa, relata sua situação de extrema dificuldade, incluindo dívidas de aluguel e falta de recursos para sustentar sua família, que vive há décadas em condições humildes. Ele apela à caridade da Princesa Imperial, solicitando uma esmola para pagar suas dívidas e melhorar suas condições de vida. A carta expressa devoção, fé em um futuro melhor e confiança na benevolência da princesa, encerrando com a esperança de uma resposta favorável.
Carta de solicitação de Ordem de Cristo
A carta, datada de 1888, é endereçada à Princesa Isabel e combina um gesto de veneração e agradecimento com pedidos específicos. O autor, Manoel Ephiphanio da Silva, um oficial militar e professor de engenharia, expressa sua devoção à princesa e solicita reconhecimento pelos serviços prestados durante a Guerra do Paraguai, incluindo uma condecoração com a Ordem de Cristo, que anteriormente não lhe foi concedida. Ele destaca sua experiência e dedicação, tanto na guerra quanto no ensino militar, reforçando sua admiração pela figura da princesa e pedindo atenção às suas demandas.
Nossa analise
A Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888, foi um marco fundamental na história do Brasil, pois aboliu a escravidão no país. Este ato legislativo foi o resultado de longas lutas abolicionistas e pressões tanto internas quanto externas. A abolição significou a libertação de aproximadamente 700 mil escravizados, encerrando oficialmente mais de três séculos de escravidão no Brasil, o último país das Américas a abolir essa prática. A Lei Áurea, apesar de curta e direta, teve um impacto profundo na estrutura social e econômica do Brasil, embora a falta de políticas de integração para os ex-escravizados tenha perpetuado desigualdades que ainda são sentidas.
A Princesa Isabel, regente do Brasil durante a ausência de seu pai, Dom Pedro II, foi a responsável por assinar a Lei Áurea. Sua relação com o povo brasileiro, especialmente com o movimento abolicionista, era de grande respeito e admiração. Embora parte da elite agrária tivesse resistências à abolição, a Princesa Isabel era vista por muitos, especialmente pelos abolicionistas e pelas populações afro-brasileiras, como uma figura progressista e compassiva. Sua decisão de sancionar a lei reforçou esse vínculo, ao mesmo tempo em que consolidou sua imagem de líder comprometida com os direitos humanos, o que lhe rendeu o título de “A Redentora”. No entanto, a abolição da escravidão também contribuiu para o desgaste da monarquia, culminando na Proclamação da República no ano seguinte.
Porém, com a abolição da escravidão, a economia brasileira enfrentou desafios imediatos. A elite agrária, que dependia da mão de obra escrava, ficou preocupada com a escassez de trabalhadores para as lavouras. Para contornar esse problema, começou-se a investir na imigração europeia, principalmente de italianos, portugueses e espanhóis, para suprir a necessidade de mão de obra nas fazendas de café. Apesar disso, a transição para o trabalho assalariado não foi simples e gerou uma série de tensões sociais e muita pobreza.
Essas três cartas testemunham de forma crua o Brasil daquele ano 1888 e o peso histórico da Princesa Isabel. Pessoalmente, a brutalidade da pobreza expressa na 2ª carta e a importância histórica da 1ª carta (provavelmente escrita por uma pessoa negra) me impactaram bastante, especialmente esta frase:
Vossa Alteza Imperial antecipou o Decreto que culminou, em 1888, na libertação dos negros no Brasil. Esse acontecimento está gravado na história com letras de ouro. Glória ao florescer da grande Pátria e à importância dessa história.