Dom Pedro II se interessa pelas pesquisas de um agrônomo francês especializado em oliveiras, alguns meses antes do fim da monarquia.
- Carta do Visconde de Nioaque para um engenheiro agrônomo francês.
- Cannes, 12 de dezembro de 1887.
- Uma folha : 20 cm x 27 cm (a carta : 11.2 cm x 18 cm).
- Em francês.
- Excelente estado de conservação.
- Peça única.
Em 29 de julho de 1887, Dom Pedro II, que estava hospedado na França, veio passar o dia no observatório Camille Flammarion (possuía todos os livros dele) em Juvisy, acompanhado do Visconde de Nioaque e L. Cruls, diretor do observatório do Rio de Janeiro. Nessa visita, inaugurou o novo telescópio e observou o planeta Vênus.
Mas quem foi o Visconde de Nioaque?
Por trás de todas as grandes personalidades, há sempre pessoas menos conhecidas, sem as quais a história, às vezes, seria muito diferente: cônjuges, amigos, assistentes dedicados ou secretários.
O Visconde de Nioaque foi uma delas. Não se sabe muito sobre sua vida: era nobre, nasceu em Porto Alegre com o nome Manuel Antônio da Rocha Faria, e começou sua carreira como militar, na Marinha de Guerra Francesa durante cinco anos, sob o comando de Napoleão. Depois voltou para o Brasil onde foi deputado, magistrado, senador e assistente particular de Dom Pedro II.
Esta carta foi escrita por ele, em francês, em nome do Imperador, para um engenheiro agrônomo especializado em oliveiras, poucos meses depois da visita ao observatório em Paris. A carta é colada em uma folha que o cientista comentou na parte inferior.
Carta do Visconde de Nioaque
Cannes, 12 de dezembro de 1887
Hôtel Beau Séjour
Senhor,
O Imperador do Brasil recebeu sua carta do dia 8 e ficará muito feliz de ler seu interessante livro. Receba os agradecimentos e respeito da sua Majestade.
Visconde de Nioaque (escrito Nioac em francês)
Abaixo, o destinatário (não identificado) escreveu
Visconde de Nioaque
Secretário do Imperador do Brasil
Depois de ter lido meu trabalho sobre as oliveiras, o Imperador pediu para marcar um encontro comigo. Se o Imperador não tivesse sido destituído pouco tempo depois, eu teria ganhado a mais bonita medalha que existe, a Rosa do Brasil.
Achei este documento interessante em pelo menos dois aspectos: primeiro, é mais uma testemunha do imenso interesse de Dom Pedro II pela ciência, pelos cientistas e pela França… o que era recíproco; segundo, nos permite imaginar melhor sua agenda poucos meses antes do fim da monarquia, na companhia de seu secretário - e certamente confidente - o Visconde de Nioaque, que aliás faleceu em Cannes alguns anos mais tarde.